Risco em cirurgia ambulatorial: um estudo retrospectivo

Risco em cirurgia ambulatorial

Autores

Resumo

As infecções do sítio cirúrgico representam um dos principais riscos à segurança do paciente nos serviços de saúde. Objetivo: Verificar a incidência de infecção de sítio cirúrgico (ISC) em cirurgias limpas realizadas em hospital-dia (HD). Método: estudo de coorte histórica composto por 128.478 pacientes operados em um HD em Salvador, BA, entre 2012 e 2022. Resultados:  nos anos estudados, o sistema de vigilância epidemiológica do HD monitorou um percentual de 83% dos pacientes após a alta, o que é considerado significativo na identificação de eventos adversos após procedimentos cirúrgicos. Foram realizadas 67.120 cirurgias limpas, representando 52% do total de cirurgias monitoradas. A incidência de ISC em cirurgias limpas durante os anos estudados variou de 0,3 a 0,8%, com incidência média de 0,5%, indicadores significativamente inferiores aos recomendados para cirurgias limpas e para pacientes operados em hospitais convencionais. Conclusão: a incidência de ISC encontrada no HD estudado revela não só a segurança cirúrgica desse serviço, mas também mostra que essas taxas são muito menores do que as relatadas para pacientes operados na modalidade convencional de internação, confirmando que a cirurgia ambulatorial tem menor risco de adquirir infecção. Entretanto, um sistema de acompanhamento dos pacientes após a alta hospitalar é condição sine qua non para o conhecimento, prevenção e manejo das infecções relacionadas aos procedimentos cirúrgicos.
Descritores: Infecção da ferida operatória. Hospital dia. Risco. Segurança do paciente.

Biografia do Autor

Eliana Auxiliadora Magalhães Costa

Pós doutorado em Saúde Pública. Professora Titular do Departamento de Ciências da Vida da Universidade do Estado da Bahia.

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Publicado

15/03/2024

Edição

Seção

Artigos